Na última semana, o mercado de locação imobiliária constatou a maior alta mensal do aluguel comercial em nove anos, segundo o FipeZAP, subindo 1,11% para R$ 43,57 por metro quadrado (m²). Os números referem-se ao mês de abril. O índice leva em consideração a variação mensal dos preços em salas e conjuntos comerciais de até 200 m², localizados em 10 cidades selecionadas.

É o fim do home office? Novos bons ventos para as locações comerciais? Como isso vai impactar esse mercado. Os analistas de mercado consideram que é cedo para cravar que o home office está sucumbindo. Mas, apontam o trabalho híbrido, com as pessoas trabalhando alguns dias em casa e outros na empresa, já é o suficiente para ter impactos positivos na locação comercial

O setor de locações imobiliárias evolui constantemente em meio a expectativas e transformações desencadeadas por fatores demográficos, socioeconômicos e tecnológicos, entre outros — além das mudanças na legislação. Todavia, é necessário analisar minuciosamente o impacto de tais aspectos para obter um vislumbre dos rumos desse mercado no futuro, antecipar desafios e, ainda, capturar insights valiosos que proporcionarão oportunidades significativas a investidores, locadores, empresas e profissionais do segmento.

Mercado de locações: o novo perfil do locatário

Igualmente importante é observar as mudanças nas expectativas, anseios e necessidades dos locatários. Em outras palavras, isso significa que a compreensão desse novo perfil é crucial em meio à constante evolução (e complexidade) do mercado imobiliário. De modo geral, pode-se dizer que atualmente os inquilinos estão em busca de qualidade de vida e conhecem seus direitos e deveres. Também estão mais atentos aos detalhes em contratos de locação e procuram maneiras mais rápidas e fáceis para encontrar e alugar imóveis.

Tendências do mercado de locação imobiliária para ficar de olho

Diante desse cenário, aqui estão oito tendências que nortearão o mercado de locação de imóveis nos próximos meses:

  1. Transformações demográficas

Sob a perspectiva demográfica, aspectos como o envelhecimento da população, a redução do tamanho das famílias e as mudanças na migração interna, entre outros, refletem diretamente na demanda por diferentes tipos de imóveis. Por exemplo: clientes idosos que procuram imóveis que proporcionem mais acessibilidade e famílias com um número reduzido de membros que dão preferência a locações que ofereçam flexibilidade e conveniências modernas.

  • Preferências de locações

Uma das tendências mais marcantes é a crescente demanda por imóveis localizados em regiões centrais, com acesso fácil a centros comerciais, shopping centers, supermercados e uma ampla gama de serviços. A infraestrutura desenvolvida dessas áreas atrai cada vez mais pessoas em busca de comodidade e qualidade de vida. Outro aspecto a considerar, nesse sentido, é o home office — ou trabalho remoto —, modelo que ganhou força durante a pandemia de Covid-19 e, agora, traz as dúvidas do quanto ainda vai determinar as preferências dos inquilinos.

  • Locações comerciais

Em contrapartida, porém, a locação de imóveis comerciais também está em alta e deve permanecer assim nos próximos meses, dado o retorno de muitos colaboradores para o escritório e o crescimento do trabalho híbrido com o fim da pandemia. Todavia, é importante considerar que a volta dos profissionais ao modelo presencial, mesmo que apenas em alguns dias da semana, não significa que o trabalho remoto esteja condenado. O modelo, remoto e hibrido, conquistou contratantes e contratados por proporcionar produtividade, qualidade de vida e racionalidade do espaço nas empresas.

  • Imóveis sustentáveis

A crescente preocupação com a preservação do meio ambiente vem impulsionando a busca por imóveis sustentáveis, ou seja, projetados para minimizar os impactos ambientais por meio da utilização de materiais ecológicos, além de contarem com sistemas de energia renovável e de conservação de água e energia, entre outras características. Esse tipo de imóvel é mais valorizado pelo valor agregado que possui, e atrai inquilinos dispostos a pagar mais por ambientes que promovem sustentabilidade, bem-estar e qualidade de vida.

  • Digitalização e tecnologia

A utilização de tecnologia para simplificar o processo de busca e locação de imóveis é outra tendência em ascensão. É o caso de plataformas on-line de locação, visitas virtuais, fotos de alta qualidade, comunicação instantânea entre inquilinos, proprietários e corretores, assinaturas eletrônicas de contratos, envio e recebimento de documentos digitais e pagamento de aluguel e taxas por meio de sistemas virtuais.

  • Economia compartilhada

Há, ainda, o modelo de economia compartilhada, que continuará a influenciar o mercado imobiliário e representa uma mudança nos modelos tradicionais de propriedade e uso de imóveis. O conceito, que se refere ao compartilhamento de bens e serviços em detrimento da posse — e os exemplos mais emblemáticos dessa tendência são as plataformas de locações por curtos períodos. Esses modelos também têm sido questionados e apontam desafios para empresas como Airbnb. Há questionamentos de órgão reguladores, queda no preço médio de locações, enfim, um modelo com complexidade, o que podemos abordar em um artigo específico futuramente.

  • Inteligência Artificial e Big Data

O uso crescente de Inteligência Artificial e Big Data está revolucionando o mercado imobiliário. Em meio a inúmeras aplicações, essas tecnologias otimizam os processos de locação e proporcionam insights precisos sobre o comportamento dos clientes, além de realizarem análises de crédito e do perfil financeiro de locatários em potencial para prevenir riscos de inadimplência e fraudes, proporcionando mais rapidez e segurança. Os algoritmos de IA também possibilitam a identificação de tendências futuras — um aspecto essencial, dada a complexidade do mercado de aluguel imobiliário.

Mercado de Locação: em constante transformação

O mesmo índice FipeZap apurou uma alta nos preços dos aluguéis, sinalizando aumento da demanda. No primeiro trimestre, segundo o estudo divulgado nessa última semana, o preço médio dos aluguéis residenciais subiu 3,75% no primeiro trimestre de 2024. Nos últimos 12 meses, a locação residencial acumula alta de 15,19%.

O mercado de locações imobiliárias está aquecido — e a tendência é que continue assim ao longo deste ano. Nesse sentido, é extremamente importante considerar que fatores como capacidade de adaptação rápida a diversos cenários, inovação e uso de tecnologia são cruciais para compreender essas mudanças, identificar oportunidades emergentes e, ainda, antecipar desafios. Tais aspectos, vale ressaltar, possibilitam a adoção de abordagens proativas e o estabelecimento de estratégias estruturadas em dados atualizados e confiáveis — a fim de garantir mais eficiência e segurança para proprietários, gestores de imóveis, empresas do setor e especialistas imobiliários.